sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Funções Metabólicas nos Animais que Hibernam

A hibernação  é um mecanismo de sobrevivência utilizado por muitos animais em períodos em que as condições ambientais  se encontram bastante adversas ou ainda quando a quantidade de alimentos disponível é menor do que a necessária para a manutenção da temperatura corporal do animal.
A respiração quase cessa, o número de batimentos cardíacos diminui o metabolismo, ou seja, todo o conjunto de processos bioquímicos que ocorrem no organismo restringe-se ao mínimo.
Várias adaptações que ocorrem quando um animal está hibernando:
  • O ritmo cardíaco cai a até 2,5% de seu nível normal. O ritmo cardíaco de uma tâmia diminui para 5 batidas por minuto em vez das 200 normais.
  • A freqüência respiratória cai de 50% a 100% (sim, 100%). Alguns animais param de respirar completamente. Alguns répteis atravessam seu período de hibernação sem respirar e mesmo mamíferos mostraram capacidade de sobreviver com suprimentos de oxigênio bem reduzidos.
  • A consciência é muito diminuída e varia conforme a espécie, mas muitos animais em hibernação ficam completamente esquecidos de seu ambiente, sendo quase impossível despertá-los. Se você fosse despertar um animal hibernando no meio do inverno, talvez o matasse. Ele usaria tanta energia para despertar que não teria chance de fazer isso na primavera, mesmo se pudesse reentrar em hibernação.
Com o decorrer do tempo, as reservas de glicogênio estão quase completamente exauridas e o sistema nervoso precisa encontrar glicose para manter-se em funcionamento. Inicia-se então o estágio 2, em que a glicose passa a ser formada por gliconeogênese a partir do glicerol, de proteínas e de corpos cetônicos, os quais são produzidos pelo metabolismo dos lipídeos. A elevação dos níveis sanguíneos de corpos cetônicos tem um efeito negativo no balanço ácido-base sanguíneo. Em relação ao catabolismo das proteínas, este permanece reduzido. Entretanto, pequenas quantidades de proteínas são continuamente degradadas tanto para produzir glicose para o sistema nervoso como para produzir os intermediários do Ciclo de Krebs (fluxo anapleótico).
Quando as reservas de lipídeos estão praticamente esgotadas, a demanda de energia do sistema nervoso necessita de uma nova fonte de glicose. Inicia-se então o estágio 3, em que a glicose é formada pela gliconeogênese a partir das proteínas, o que eleva os níveis plasmáticos de nitrogênio.
De forma geral, o esquema acima pode variar entre diferentes espécies. Por exemplo, algumas aves migratórias iniciam o catabolismo de proteínas mais cedo quando em jejum.
Expressão gênica durante a hibernação
Recentemente, descobriu-se que os animais se preparam durante o período de hibernação para sair dela em um momento seguinte. Ao sair do estado de hibernação, a respiração é reativada e o corpo do animal se vê inundado por oxigênio, o qual sabemos ser uma molécula altamente reativa, que passa então a reagir com outras moléculas, produzindo radicais livres (como o peróxido de hidrogênio – H2O2). Os radicais livres são moléculas responsáveis por danos celulares em geral, mas principalmente pelos seus danos em ácidos nucléicos (DNA e RNA).
Para evitar os danos causados pelos radicais livres, durante a hibernação os animais sintetizam algumas enzimas antioxidantes como a catalase, a superóxido dismutase e a glutationa peroxidase. De forma geral, a reação de eliminação de peróxido de hidrogênio é dada por:
2H2O2 →   2H2O + O2
Ainda em relação à síntese de proteínas/enzimas específicas, os animais em hibernação expressam de forma sazonal um inibidor de proteases chamado α2-macroglobulina, o que é muito importante para evitar a degradação de proteínas. Além disso, tem-se demonstrado que esta proteína desempenha um papel importante no controle da coagulação sanguínea, melhorando a microcirculação.
Outros genes expressos durante o período de hibernação são: UCP2 (Uncoupling Protein 2) no tecido adiposo branco, UCP3 no músculo esquelético, FABP (heart-type fatty acid biding protein) no tecido adiposo marrom, no músculo esquelético e no coração, adipose-type FABP no tecido adiposo marrom e no coração, subunidade 1 da citocromo-c oxidase e ATP sintase 6/8 nos rins, subunidade 2 da NADH-ubiquinona oxidoredutase no coração, músculo esquelético e fígado, cadeia leve 1 da miosina ventricular no coração e no músculo esquelético. Além desses, muitos outros genes são ativados e inibidos durante tal processo, demonstrando toda a regulação genética envolvida.
Reaquecimento do animal
Retomando o conhecimento da estrutura interna da mitocôndria e da fosforilação oxidativa os prótons H+ bombeados através das proteínas da membrana interna da mitocôndria para o espaço intermembranas retornam à matriz mitocondrial pela proteína ATPsintase, a qual, ao unir os prótons  H+ ao oxigênio molecular (O2), produz moléculas de água, promovendo fosforilação do ADP, produzindo então as moléculas de ATP. Nesse sentido, dizemos que o retorno dos prótons H+ (a favor de um gradiente de concentração e elétrico) está acoplado à síntese de ATP.
 


Fosforilação oxidativa
Animais hibernantes e os adaptados à estivação possuem grandes quantidades de uma proteína chamada UCP (Uncoupling Protein – proteína desacopladora) na membrana interna de suas mitocôndrias. Essa proteína, como o próprio nome sugere, desacopla a volta dos prótons H+, fazendo com que retornem à matriz mitocondrial sem a sua passagem pela ATPsintase, o que não produz moléculas de ATP. Os prótons H+, ao retornarem à matriz via UCP, liberam a energia que seria utilizada na formação de ATP na forma de calor, o que eleva a temperatura do animal.



UCP desacoplando a síntese de ATP. A energia que seria utilizada na fosforilação do ADP é liberada na forma de calor.
Se um animal está queimando gordura ou petiscando nozes armazenadas durante todo o inverno, o que acontece com todos os resíduos? Nenhuma matéria fecal é produzida porque nada está passando através do trato digestivo e dos intestinos. Mas o corpo está sempre produzindo uréia, o produto residual que é o principal componente da urina. Os corpos dos animais em hibernação são capazes de reciclar a uréia. Os ursos não urinam durante todo o inverno, mas rompem a uréia transformando-a em aminoácidos. Ainda que eles não bebam líquidos, não ficam desidratados, pois são capazes de extrair água suficiente de sua gordura corporal para permanecer hidratados.
Aluno:Guilherme Dias Lopes
Bibliografia:
http://ciencia.hsw.uol.com.br/hibernacao4.htm
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3927&bd=1&pg=3&lg=
http://ciencia.hsw.uol.com.br/hibernacao3.htm






5 comentários:

  1. No caso dos ursos-negros, esse período varia entre cinco e sete meses por ano. Segundo uma pesquisa da Universidade do Alasca divulgada em fevereiro, o metabolismo dessa espécie fica reduzido a 25% de sua capacidade, a temperatura do corpo baixa em média 6 graus centígrados e a frequência cardíaca cai de 55 para só nove batimentos por minuto! A queima da gordura estocada no corpo libera a água e as poucas calorias de que ele necessita para sobreviver.

    Também acontece uma reciclagem de componentes nitrosos, como a ureia. Combinados com a glicerina resultante do uso da gordura, esses dejetos formam aminoácidos que ajudam a manter as proteínas corporais.

    Comentário: Bruno Kubis
    Fonte: planetasustentavel.abril.com.br

    ResponderExcluir
  2. Um estudo publicado na revista canadense Comparative Biochemistry and Physiology, realizado pelo brasileiro Marcelo Hermes-Lima, professor do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB), em colaboração com Kelly Drew, professora do Instituto de Biologia do Ártico da Universidade do Alasca em Fairbanks, sugere que, o processo de hibernação não corresponde exatamente ao que é imaginado pelo senso comum. Os animais hibernantes não dormem ininterruptamente durante todo o inverno, mas despertam e adormecem sucessivamente durante o processo - depois de uma ou duas semanas de sono contínuo, passam dois ou três dias acordados.

    Ao despertar, os animais passam, abruptamente, de uma temperatura corporal de cerca de 2ºC para 37ºC. A grande necessidade de calor necessária para isso desencadeia uma intensa atividade mitocondrial que gera um estresse oxidativo, hipótese que ja havia sido formulada no início da década de 1990. De acordo com o professor da UnB, os animais em hibernação, com baixa taxa metabólica e falta de oxigênio, investem suas forças metabólicas no aumento das defesas antioxidantes para o momento da difícil transição de estado. Ou seja, os esquilos possivelmente acumulam uma reserva de antioxidantes para se manter ilesos quando forem submetidos ao estresse oxidativo na hora de acordar.

    Comentário:Tiago Bortolozo
    Fonte: noticias.terra.com.br

    ResponderExcluir
  3. O esquilo terrestre norte-americano de pelagem dourada, Citellus lateralis, hiberna para sobreviver aos longos e duros Invernos das montanhas Rochosas. Contudo, não são as condições externas que desencadeiam este comportamento, pois que, mesmo mantido quente e em condições de luz, o animal entra espontaneamente em dormência invernal, conduzido pelo seu próprio relógio interno. Durante a hibernação, o esquilo terrestre acorda com intervalos frequentes. Quando enroscado em sono profundo, o corpo mantém-se próximo da congelação. Quando se agita, as diferentes posições indicam níveis crescentes de vigília e temperatura em rápido aumento. Em 2 horas fica inteiramente desperto e o corpo recupera a temperatura normal.
    O esquilo terrestre entra gradualmente em hibernação no Outono. A sua temperatura de sono desce todas as noites até que a 5ºC fica em letargia. Quando acorda, com intervalos de poucas semanas, a temperatura salta para os 37,2ºC normais. Durante os 5 meses da fase de hibernação perde peso, visto que recorre às reservas nutritivas acumuladas no fim do Outono.

    Comentário: Joice Huller de Oliveira
    Fonte: http://kmstressnet.blogspot.com.br/2007/05/hibernao.html

    ResponderExcluir
  4. A hibernação é controlada principalmente pelo sistema endócrino. São as glândulas no corpo que alteram as quantidades de hormônios liberados e podem controlar quase todos os aspectos fisiológicos da hibernação.
    Tireóide - glândula que controla os níveis de metabolismo e de atividade.
    Melatonina - hormônio que controla o crescimento de pelagens no inverno.
    Pituitária - glândula que controla o acúmulo de gordura, a freqüência de batimentos do coração e a freqüência respiratória, bem como as funções metabólicas.
    Insulina - hormônio que regula a quantidade de glicose (açúcar) que o animal necessita.

    Fonte: http://ciencia.hsw.uol.com.br/hibernacao3.htm
    Aluna: Ana Caroline Mendes de Arruda

    ResponderExcluir
  5. Casinos Near Bryson City, Bryson City, NC - Mapyro
    A 전라남도 출장샵 map showing casinos and other gaming facilities located near 안산 출장마사지 Bryson City, Bryson City, North 전주 출장안마 Carolina, United 평택 출장안마 States. 경상남도 출장샵

    ResponderExcluir