quinta-feira, 24 de maio de 2012


ADESÃO E COMUNICAÇÃO ENTRE AS CÉLULAS 

Os tecidos de um organismo são formados por agrupamentos de células semelhantes quanto à morfologia e à fisiologia, necessitando em algumas situações orgânicas de extrema conexão entre células adjacentes (vizinhas), assegurando, por exemplo: proteção contra a penetração de micro-organismos patogênicos (que causam doenças), e em outros casos, estruturas que proporcionam o intercâmbio de substâncias.
Tais funções ocorrem em virtude de especializações presentes nas regiões mediadas pela membrana plasmática e envoltórios celulares, denominadas junções intercelulares, sendo: os desmossomos, as zônulas oclusivas (junções oclusivas), as zônulas de adesão e os nexos (junções comunicantes).

Desmossomo → ponte estabelecida entre duas células vizinhas, por onde se conectam filamentos intermediários, formando uma estrutura de grande força tensora, composta de várias proteínas intracelular (placoglobina e desmoplaquina) e extracelular (desmogleina e desmocolina), existentes principalmente no tecido epitelial de revestimento (a pele) e músculo cardíaco.

Zônulas oclusivas → união entre as células (do intestino), impedindo a passagem e o armazenamento de substâncias e macromoléculas nos espaços intercelulares, vedando a comunicação entre dois meios (cavidades).

Nexos → são pontos comunicantes entre a membrana de uma célula e outra, através de proteínas transmembranares de ambas as células, formando poros (canais) por onde passam íons e pequenas moléculas. Esse tipo é encontrado em tecidos embrionários, células cardíacas e hepáticas.

Zônula de adesão → regiões que unem células vizinhas por meio de substâncias intercelulares adesivas, causando aderência sem que haja contato entre as membranas plasmáticas.

A imagem a seguir ilustra como ocorre essa comunicação entre as células:

Por Krukmenberghe Fonseca
Graduado em Biologia
Equipe Brasil Escola

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Complexo de Golgi


Camilo Golgi – Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1906

O complexo ou aparelho de Golgi recebe esse nome em homenagem ao biólogo italiano Camilo Golgi, que estudou e descreveu seu funcionamento ainda no século 19. Camilo Golgi destacou-se no estudo dos componentes celulares e sua obra lhe valeu o prêmio Nobel de medicina e fisiologia em 1906.
O aparelho de Golgi é constituído de 4 a 20 bolsas membranosas, conhecidas como cisternas, empilhadas umas sobre as outras. Nas células vegetais, esse conjunto de vesículas está disperso no citoplasma em grande quantidade e recebe o nome de dictiossomo. O complexo de Golgi tem, basicamente, sua função associada ao processamento de substâncias produzidas pelo Retículo Endoplasmático Rugoso.
Essa organela possui duas faces distintas: uma face cis (face de entrada) e uma face trans (face de saída), que estão intimamente associadas. Durante esse percurso interno nas vesículas do aparelho de Golgi, as proteínas são modificadas, separadas e empacotadas em vesículas (bolsas membranosas), que são enviadas aos locais extracelulares em que atuarão (exocitose), sendo essa liberação regulada por sinais extracelulares.
Dessa forma, o Aparelho de Golgi é o responsável pela secreção celular.
A atuação do Aparelho de Golgi é como um correio. Da mesma forma como a carta é levada ao correio para ser enviada à outra localidade, as proteínas e os lipídios são transportados em vesículas para o Golgi, a fim de serem enviadas para outras localidades do corpo. Dentro do aparelho, essas proteínas e lipídios recebem marcadores com sequências que indicam ao corpo onde esses produtos devem ser deixados, como se fossem endereços.
Exemplo dessa atuação são as enzimas digestivas, produzidas e secretadas pelas células do pâncreas e que irão atuar no intestino. Além de enzimas, outras substâncias, como hormônios e muco, também são secretadas pelo Aparelho de Golgi.
O Aparelho de Golgi desempenha também papel importante na formação dos espermatozoides, originando o acrossomo, vesícula repleta de enzimas digestivas que permite ao espermatozoide transpor as barreiras membranosas do óvulo, permitindo assim a fecundação.

Fabrício Alves Ferreira - Graduado em Biologia
Equipe Mundo Educação
Fonte: www.mundoeducacao.com.br/biologia/complexo-golgi-1.htm
Caroline Machado de Oliveira.

Como estudar as células

Do rudimentar ao moderno microscópio eletrônico.
A célula é considerada a unidade morfofisiológica da vida, portanto desperta apreciável empenho científico quanto ao entendimento da composição, organização e comportamento, sendo a citologia o ramo da biologia que estuda a dinâmica e complexa estrutura celular.

A partir do invento dos rudimentares microscópios (1591) contendo apenas uma lente, foi possível visualizar um mundo até então desconhecido, através dos primeiros ensaios realizados por Antonie Van Leeuwenhoeck (1632 – 1723), examinando materiais biológicos.

Contudo, foi o inglês Robert Hooke (1635 – 1703), impressionado com os trabalhos de Antonie, o precursor de estudos sistemáticos que revelaram primariamente a composição dos organismos e suas singulares diferenças.

Em suas demonstrações, utilizando aparelhos mais elaborados (com duas lentes, conseqüentemente maior amplitude e menor campo visual), utilizando cortiça (material compacto de origem vegetal – casca / súber / matéria morta), Hooke identificou a limitação do espaço intracelular das células vegetais, empregando a terminologia cell, cuja tradução significa célula. Atualmente, sabemos que a impressão visualizada pelo pesquisador representa a parede celular (celulósica – carboidrato / composto orgânico) das células vegetais.

Observações e análises mais profundas e avançadas provocaram espantosa revolução no conhecimento biológico e evolutivo das espécies. Pesquisas e descobertas atestavam o que antes eram meras suposições, fortalecendo a hipótese evolucionista, fundamentada por comparação entre os tipos celulares, sugerindo uma evidente ancestralidade comum dos organismos.

Subseqüentes procedimentos metodológicos elucidaram as distinções entre as células procariontes (sem organização nuclear – desprovida de cariomembrana / carioteca) das eucariontes ( com organização nuclear – provida de cariomembrana), como também as diversas organelas, à medida que são aperfeiçoados os equipamentos, por exemplo, os microscópios: óptico, eletrônico de transmissão e o eletrônico de varredura.

Técnicas cada vez mais específicas foram e são experimentalmente empregadas para o vislumbramento do minucioso funcionamento das células. Seja para o esclarecimento das reações, estímulos ou induções intra ou extracelulares, é necessário para tal exame o uso de preparados a fresco, com lâminas contendo material ainda vivo, ou de esfregaços com lâminas previamente moldadas, contendo matéria orgânica inativa. Esse último realizado criteriosamente por meio de: coleta da amostra (fragmento, tecido ou um órgão), fixação histológica (do tecido extraído como amostra), desidratação (remoção de água), clarificação ou diafanização (tratamento com álcool), inclusão (imersão da amostra em parafina), microtomia (corte preciso em fatias finíssimas), colagem dos cortes em lâminas de vidro e coloração com utilização de corantes que irão impregnar especificamente a estrutura pretendida.

Todo esse procedimento facilita a visualização e o entendimento do metabolismo celular, de todas as formas viventes e de seus constituintes: material genético (cromossomo), a carioteca, as mitocôndrias, os retículos, os lisossomos, os plastos e demais organelas.
Fonte: http://www.mundoeducacao.com.br/biologia/como-estudar-as-celulas.htm
Caroline Machado de Oliveira.



segunda-feira, 21 de maio de 2012

Efeitos Mutagênicos do chumbo em peixes H. Malabaricus



O ambiente aquático é o destino final para quase todos os resíduos urbanos, industriais e agrícolas. Substâncias mutagênicas, cancerígenas,  xenobióticos têm sido muitas vezes o foco de atenção. Compostos orgânicos de estanho, tais como tributilestanho (TBT) são usados para muitas finalidades, principalmente em tintas anti-incrustantes e na indústria de plásticos . Há vários relatórios sugerindo fortemente que o TBT pode afetar a fisiologia de mamíferos e também organismos marinhos. O chumbo tem sido usado por milhares de anos, embora os efeitos tóxicos dos compostos de chumbo foram reconhecidas a menos de cem anos.  Chumbo inorgânico e orgânico entram no ambiente de várias maneiras e podem ter efeitos diferentes sobre os organismos, mimetizando elementos essenciais (por exemplo, cálcio, magnésio,ferro e zinco) com efeitos resultantes sobre a enzimas que contêm grupos SH,aumento da incorporação de nucleotídeos errados e a acumulação de radicais livres devido à alteração dos processos oxidativos de células e efeitos sobre os mecanismos de reparo em que chumbo tem sido implicado como um co-cancerígeno.
Nessa pesquisa foram avaliados o potencial mutagênico de tributilestanho (TBT) e do chumbo inorgânico (PbI), utilizando amostras do peixe Hoplias malabaricus(comumente chamado de traíra), utilizando o teste do cometa e do micronúcleo piscine e testes de aberrações cromossômicas. Este peixe tem a vantagem de ser  facilmente alimentado em condições de laboratório , devora toda sua presa, pode ser facilmente exposto a xenobióticos por alimentação com uma espécie previamente injetada com o material em investigação.
Foram utilizados 18 peixes adultos, divididos em aquários com 6 exemplares em cada. Expôs-se H. malabaricus ao TBT e PbI alimentando-os com Astyanax (um pequeno peixe que faz parte da dieta normal de Hoplias) que tinha sido contaminado artificialmente por injeção intraperitoneal de tri-n-butilestanho. A programação de alimentação consistia em oferecer Astyanax  à H. malabaricus , um com injeção de TBT, outro de Pb e um grupo apenas com água( grupo controle).
Após o período de três meses foi coletado o sangue de H. Malabaricus e realizado o teste cometa e de micronúcleos, no teste de aberrações cromossômicas foi utilizado o tecido renal. Apesar do facto de que uma correlação entre as anormalidades nucleares e efeitos genotóxicos ainda não tenha sido estabelecida, observações preliminares sugerem fortemente que as alterações morfológicas pode ser uma manifestação dos efeitos controle de xenobióticos.
                Os estudos de genotoxicidade em metais tóxicos e seus compostos orgânicos são muito importantes, especialmente na investigação dos efeitos destes compostos sobre os ambientes aquáticos em que eles tendem a acumular-se. A utilização endêmica de organismos aquáticos como sentinelas biológicos revelou-se útil no monitoramento ambiental.

Mutagenic  effects of tributyltin and inorganic lead (Pb II) on the fish H.malabaricus as evaluated using the comet assay and the piscine micronucleus and chromosome aberration tests
Marcos Vinícius M. Ferraro1, Alberto Sérgio Fenocchio2-3,Mario Sérgio Mantovani3,Ciro de Oliveira Ribeiro4, Marta Margarete Cestari4

1Universidade Federal de Santa Catarina, Colégio de Aplicação, Florianópolis, SC, Brazil.
2Universidad Nacional de Misiones, Posadas, Misiones, Argentina.
3Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Biologia Geral, Londrina, PR, Brazil.
 4Universidade Federal do Paraná, Departamento de Genética, Curitiba, PR, Brazil

Postagem: Tamires Diniz Bressan

sábado, 19 de maio de 2012

interessante video sobre o interior de uma célula eucariótica                                                                           http://www.youtube.com/watch?v=YWNO19zVMc4&feature=plcp                                                                   por Allan Ricardo Divardin.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Cientistas fabricam vasos sanguíneos usando células da pele



Uma empresa americana chamada Cytograft desenvolveu uma técnica que usa células da pele para criar vasos sanguíneos, que poderiam substituir partes danificadas do nosso sistema circulatório. E o mais bacana é que a tecnologia já foi testada (e funciona bem) em pacientes humanos.

A célula de pele “original” não precisa nem ser da pessoa que irá receber o tecido pronto, o que diminui custos e tempo de produção. Afinal, os vasos criados artificialmente podem ser estocados, esperando por seu usuário.

A produção começa ao serem extraídos fibroblastos das células da pele, fazendo com que elas crescessem em forma de pequenos tecidos, enrolavam essa “trama” e esperavam até que ela ficasse nesse formato. Depois é só fazer o implante.

Primeiramente, os vasos foram testados em pacientes de diálise, mas espera-se que eles possam ser usados em bebês com defeitos congênitos de coração e pacientes que usam marca-passo.
Através dessa técnica, cientistas esperam produzir, também, outros tipos de tecido, tendo “estoques de órgãos” disponíveis para o implante. Como o tecido é completamente biológico e tratado, a chance de rejeição do organismo é mínima.


Fonte: . http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/1,,EMI303682-17770,00.html


AUTOR DA POSTAGEM - FELIPE AUGUSTO B. BISCAIA


quarta-feira, 2 de maio de 2012


Seres diminutos, enorme flagelo

Os vírus demoraram a ser descobertos e conhecidos, de tão diminutos. Há algumas décadas, esses seres sequer podiam ser visualizados, mesmo pelos microscópios mais potentes. Eles eram considerados por muitos cientistas como partículas inanimadas incapazes de realizar um dos atributos básicos da vida: a capacidade de se reproduzir de forma independente.

Entretanto, os aspectos da biologia e da evolução desses seres, aliados as estratégias que eles utilizam para subverter os mecanismos de defesa de nosso corpo são alguns dos temas mais fascinantes da biologia moderna. Além disso, algumas das doenças causadas por esses agentes infecciosos – as chamadas viroses emergentes – representam uma fonte de enorme inquietação para a medicina atual.

Em latim, a palavra vírus significa veneno. Antes da primeira visualização desses agentes infecciosos, acreditava-se que as doenças transmitidas por eles, conhecidas como viroses, eram causadas por venenos provenientes de algum ser vivo. Dessa forma, tentava-se dar uma explicação convincente para a incapacidade que se tinha na época de visualizar os vírus. A hipótese explicaria ainda o fato de certas doenças continuarem a ser transmitidas mesmo quando fluidos provenientes de doentes eram passados através de filtros de porcelana com poros capazes de reter bactérias, os menores organismos conhecidos na época.

Cada partícula viral, também conhecida como vírion, alcança, em média, apenas algumas dezenas de nanômetros (a bilionésima parte de um metro) e é de constituição simples. Os vírions são formados por apenas uma molécula de acido nucléico – que pode ser o DNA ou o RNA, mas nunca ambos – e por um envoltório protéico denominado capsídeo. Sob esse envoltório pode ainda estar presente um revestimento lipídico adquirido a partir da membrana plasmática da célula parasitada.

Em sua forma extracelular, os vírions podem permanecer inertes por dezenas ou mesmo centenas de anos. A simplicidade e elegância estrutural, associadas a uma elevada capacidade reprodutiva baseada em uma série de truques engenhosos voltados para ludibriar as defesas imunes e intracelulares, fazem com que os vírus se convertam em agentes infecciosos tremendamente eficientes.

Invasão e reprodução

 Quando os vírus entram em contato com suas células hospedeiras, eles perfuram a membrana plasmática celular e introduzem seu ácido nucléico no citoplasma destas. Se, nessa fase, eles conseguirem superar as defesas internas da célula, a maquinaria celular será direcionada para produzir novos vírions que, após montados, serão liberados no meio extracelular levando consigo parte da membrana plasmática da célula hospedeira ou causando sua ruptura (ciclo lítico).

Dessa forma, as células têm seu metabolismo “escravizado” e deixam de produzir as moléculas necessárias para a sua sobrevivência, dedicando-se apenas à produção de novos vírions. Em algumas ocasiões, contudo, o ácido nucléico viral poderá ser incorporado ao genoma da célula parasitada e ali permanecer de forma silenciosa, multiplicando-se juntamente com a sua hospedeira (ciclo lisogênico) até que condições favoráveis sejam alcançadas e novos vírions possam ser produzidos.

Contudo, em alguns casos, a transição entre os ciclos lisogênico e lítico jamais ocorre e o material genético dos vírions permanece incorporado de forma permanente ao genoma da célula parasitada. Genes de origem viral têm sido encontrados em todos os organismos vivos e acredita-se que a presença de alguns desses pode ser benéfica para seus portadores. Nos seres humanos, por exemplo, crê-se que o gene da ptialina, uma enzima salivar relacionada com a digestão de carboidratos, seja regulado por uma seqüência gênica de origem viral.

Durante a sua reprodução e subseqüente deslocamento de uma célula para outra, os vírions podem também levar consigo trechos do DNA das células parasitadas, contribuindo assim para um aumento da diversidade genética dos organismos hospedeiros.

Devido às suas características únicas, esses seres são hoje importante instrumento biotecnológico empregado para a introdução de genes em células. Para isso, essa metodologia emprega a capacidade dos vírions de infectar apenas um tipo celular exclusivo após reconhecerem receptores específicos na membrana plasmática.

Dessa forma, esses agentes infecciosos podem se constituir no futuro em importantes aliados da terapia genética associada com o combate de doenças humanas como a artrite, o lúpus e o câncer. Pesquisas têm, por exemplo, empregado o vírus do herpes simples para que células tumorais sejam sensibilizadas e respondam de forma melhor ao tratamento com drogas anticarcinogênicas. Para que isso ocorra, genes associados com a reprodução do vírus foram substituídos por genes que ativam drogas tóxicas para as células do tumor.

Viroses emergentes

Contudo, tradicionalmente, os vírus estão associados com muitas enfermidades humanas como gripe, sarampo, hepatite, herpes, rubéola, varíola, febre amarela, caxumba e poliomielite. Além delas, há alguns anos outras doenças têm preocupado as autoridades sanitárias de todo o mundo: são as viroses emergentes, causadas por vírus que surgem como importante problema de saúde.

 Um dos exemplos clássicos dessas viroses emergentes é a infecção pelo vírus HIV – a Aids –,atualmente disseminada por toda a humanidade e talvez uma das enfermidades humanas mais estudadas atualmente. Outras viroses emergentes que causam especial preocupação são aquelas associadas com as febres hemorrágicas. Isso se deve a seu caráter comumente letal e a sua capacidade de disseminação. Entre elas podemos citar a hantavirose e a febre hemorrágica causada pelo vírus Ebola.

As hantaviroses são enfermidades agudas que podem se apresentar sob a forma de febre hemorrágica com síndrome renal ou pulmonar. A doença é transmitida de forma sazonal por aerossóis disseminados pela urina de roedores silvestres portadores do vírus. Casos de hantavirose têm sido relatados em estados como Minas Gerais, Goiás e São Paulo, levando à morte cerca de 5% dos pacientes.

Já o vírus Ebola foi isolado em 1976, após uma epidemia de febre hemorrágica em vilas do noroeste do Zaire (África), próximo ao rio Ebola. Esse vírus está associado com um quadro de febre hemorrágica extremamente letal, que acomete as células hepáticas e o sistema retículo-endotelial. Até o presente, quatro epidemias de febre hemorrágica causadas pelo vírus Ebola ocorreram no Zaire e no Sudão, afetando mais de 500 pessoas com um índice de mortalidade de mais de 60%.

SARS
Outra virose emergente que andou ocupando a primeira página dos jornais e os noticiários da TV é a SARS (sigla em inglês para síndrome respiratória aguda grave). Essa doença é causada por um coronavírus e foi descoberta inicialmente em novembro de 2002 na província Guangdong, no sul da China. A SARS propagou-se por diversos países, vitimando cerca de 780 pessoas.

Apesar da taxa de mortalidade ser de 9,6%, similar à da febre amarela, por exemplo, a SARS por ser transmitida diretamente de um indivíduo para outro, representa um risco maior para a saúde mundial do que infecções transmitidas por vetores e restritas a certas regiões de nosso planeta. Alem disso, como os sintomas da SARS são bastante similares aos da gripe, essa virose pode ser confundida com um simples resfriado.

Devido aos enormes riscos associados com o seu contágio, a Organização Mundial da Saúde lançou em novembro de 2003 um alerta mundial e tomou medidas para frear a sua disseminação. Essas medidas têm se mostrado eficientes e, apesar de casos terem sido registrados em dezenas de países, atualmente essa virose está sob controle.

Outra virose, foco de imensa preocupação para o sistema de saúde brasileiro, é a dengue. Essa doença é causada por quatro tipos imunológicos similares de arbovírus da família dos flavivírus que têm se disseminado pelas zonas urbanas do Brasil devido à proliferação de criadouros de seus vetores, os pernilongos Aedes aegypti (e raramente Aedes albopictus).

O termo dengue deriva-se da expressão ki dengu pepo , do dialeto africano swahili, que descreve os ataques causados por maus espíritos e foi inicialmente empregado para designar a enfermidade que acometeu alguns ingleses em uma epidemia nas Índias Ocidentais Espanholas em 1927-1928. Acredita-se que a dengue tenha sido trazida para o continente americano pelos colonizadores europeus, mas não é possível afirmar que as epidemias foram causadas pelos vírus da dengue, pois seus sintomas são similares aos de infecções como a febre amarela.

Atualmente, a dengue é a arbovirose mais comum que atinge o homem, sendo responsável por cerca de 100 milhões de casos por ano e colocando em risco, talvez, uma população de 2,5 a 3 bilhões de pessoas. A dengue hemorrágica e a síndrome de choque da dengue atingem pelo menos 500 mil pessoas por ano e são responsáveis por taxa de mortalidade de até 10% para pacientes hospitalizados e 30% para pacientes não tratados.

A dengue e as outras viroses emergentes são fruto do desequilíbrio ambiental associado com a ausência de vontade política para se promover medidas de saneamento básico e controle de poluição. Enquanto nossos políticos estiverem mais interessados em se autopromover em vez de se preocupar com a saúde da população, estaremos à mercê de flagelos como as viroses emergentes.


AUTORA DA POSTAGEM: Danielly Xavier