sábado, 7 de abril de 2012

Nanopartículas anticâncer são usadas com sucesso em teste nos EUA

Pacientes com câncer avançado mostraram resultados positivos em primeira fase de pesquisa que usa nanotecnologia para tentar combater a doença

Celulas cancerigenas 
Células cancerígenas: nanopartículas agirão como mísseis teleguiados, levando o medicamento contra o câncer somente às células doentes (Getty Images).

O primeiro teste clínico com nanopartículas programadas para um tratamento anticâncer mais concentrado e com menos efeitos colaterais do que a quimioterapia teve resultados positivos, segundo estudo publicado nesta semana, nos Estados Unidos. Parte dos participantes do estudo, que sofriam de câncer em etágios avançados, tiveram o crescimento do seus tumores estabilizados ou reduzidos. O trabalho foi apresentado na conferência anual da Associação Americana de Pesquisas sobre o Câncer, realizada em Chicago, e publicado simultaneamente na versão online da revista médica americana Science Translational Medicine.
"Esta técnica pode revolucionar potencialmente o tratamento do câncer", afirmou Omid Farokhzad, médico do Hospital Brigham de Boston, professor da Universidade de Harvard e um dos principais autores do estudo.
A nanopartícula, chamada BIND-014, foi desenvolvida pela companhia BIND Biosciences, com sede em Massachusetts. "Este é o primeiro tratamento deste tipo utilizado em humanos para qualquer tipo de doença", disse Farokhzad. "A BIND-014 mostrou pela primeira vez que é possível produzir nanomedicamentos programáveis capazes de concentrar efeitos terapêuticos multiplicados diretamente no coração da doença", explicou o doutor Farokhzad. O princípio ativo usado foi o docetaxel, comercializado com o nome de Taxotere.
A pesquisa — O teste clínico de fase 1 do estudo foi feito com um pequeno grupo de 17 pacientes que sofriam de diferentes tipos de câncer em estágio avançado. O teste provou ser seguro e produziu efeitos em "praticamente todos os participantes", mas especialmente em seis deles, nos quais os efeitos foram mais destacados. Neste grupo, uma paciente teve redução do tumor no colo do útero, enquanto outros cinco tiveram seus cânceres (de pâncreas, ânus, cólon, vias biliares e garganta) estabilizados.
Este nanotratamento produziu efeitos favoráveis na luta contra o câncer, inclusive com doses ínfimas de anticancerígenos, que representavam até 20% do que normalmente se prescreve em quimioterapia tradicional por via oral ou em injeções. "Se tentássemos obter essa concentração em um tratamento convencional, mataríamos o paciente", diz Farokhzad. Os pesquisadores explicam que isso se deve ao fato de que as nanopartículas podem depositar no local exato onde se encontra o tumor concentrações de medicamenos até dez vezes maiores.
Os pesquisadores se disseram animados com os resultados porque as doses foram baixas, o que indica que no futuro os médicos poderiam encontrar uma forma de aplicar a quimioterapia em cânceres, direcionando o medicamento ao próprio tumor e evitando seus efeitos colaterais.

Opinião do especialista

Artur Katz - coordenador de Oncologia Clinica do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês.

"Tratamentos anticâncer com nanotecnologia fariam com que a droga para a doença ficasse dentro de uma partícula. Essa se ligaria a um tipo de proteína de uma célula cancerígena e, só então, liberaria a substância do medicamento. Como um míssel teleguiado.
É preciso que os pacientes tomem cuidado ao ler esse tipo de pesquisa para que não pensem que já existe um tratamento do qual estão sendo privados. Resultados como esses são relevantes cientificamente, mas na prática clínica ainda não têm nenhuma influência.
O estudo ainda é preliminar e os resultados foram obtidos com apenas 17 pessoas, um número ainda muito pequeno. Com esse número, não é possível afirmar absolutamente nada.
A pesquisa, ainda assim, é importante. Precisamos avançar emestudos sobre novas formas de tratamentos menos tóxicos e mais eficazes. Os resultados são bons, mas é importante observar que somente uma pessoa teve o tumor reduzido. No entanto, a fase 1 de testes clínicos deve provar a segurança do tratamento, e foi o que os resultados demonstraram.
Estudos maiores e mais específicos são necessários para que essa pesquisa avance e suas conclusões finais sejam comparadas com o tratamento convencional. Só então essa tecnologia se tornaria, após ao menos dez anos, um medicamento disponível."

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/nanoparticulas-anticancer-sao-usadas-com-sucesso-em-teste-nos-eua

Autor da Postagem: Matheus Azambuja

terça-feira, 3 de abril de 2012


Guiados pelo brilho
Técnica que torna fluorescentes tecidos cancerosos é testada com sucesso em pacientes com câncer de ovário. O método permitirá que os médicos visualizem com maior precisão a extensão dos tumores em tempo real durante a cirurgia para sua retirada.

Um método desenvolvido por uma equipe internacional de pesquisadores promete melhorar o resultado das cirurgias para retirada de tumores de ovário. Testada com sucesso em pacientes, a técnica fornece imagens fluorescentes das células cancerosas durante a operação, em tempo real, permitindo a identificação mais precisa da extensão do tumor.
O câncer ovariano é a doença ginecológica que mais mata no mundo ocidental. Esse tipo de tumor não tem uma apresentação clínica que permita distingui-lo em seus estágios iniciais, o que frequentemente resulta no diagnóstico da doença em níveis avançados e se traduz em uma alta taxa de mortalidade.
O tratamento mais efetivo consiste na cirurgia de retirada dos tumores visíveis, seguida de quimioterapia. Mas, durante a operação, os médicos nem sempre conseguem determinar facilmente os limites do tumor, e o crescimento das células cancerosas não removidas pode levar à reincidência da doença.
O novo método para auxiliar a identificação dos tecidos malignos, aplicado em pacientes com tumor epitelial de ovário, se baseia no fato de que cerca de 90% desses tipos de câncer apresentam grande expressão de receptores de ácido fólico (proteínas que permitem a interação dessa substância com os mecanismos do metabolismo celular). Os pesquisadores então associaram ácido fólico a marcadores fluorescentes, o que permitiu ‘realçar’ esses receptores – e, consequentemente, as células cancerosas.
Outros estudos já tinham combinado ácido fólico a compostos fluorescentes para mapear células tumorais. Mas esta é a primeira vez que a técnica é testada em humanos. A pesquisa, conduzida por pesquisadores da Holanda, da Alemanha e dos Estados Unidos, foi publicada esta semana no site da revista Nature Medicine.
O composto foi injetado em 10 pacientes entre 41 e 76 anos – sendo cinco com tumor epitelial ovariano maligno e cinco com tumor ovariano benigno – submetidas a cirurgia. Por meio de um sistema de câmeras especialmente projetado, foi possível detectar a fluorescência em quatro pacientes com tumor maligno. Na quinta paciente, não havia expressão dos receptores de ácido fólico, o que impediu que as células cancerosas fossem marcadas. Os tumores benignos e os tecidos normais não mostraram qualquer sinal de fluorescência.
Um dos autores do estudo, Gooitzen van Dam, da Universidade de Groningen (Holanda), explica que, independentemente do estágio do câncer ovariano, cerca de 10% das pacientes não apresentam superexpressão de receptores de ácido fólico, o que inviabiliza a aplicação do método. “Para identificar as pacientes que podem fazer uso da técnica, será preciso determinar a presença desses receptores em tecidos tumorais extraídos antes da cirurgia”, diz.
Eficiente e precisa
Durante os testes, cinco cirurgiões identificaram independentemente os tumores em imagens coloridas comuns e nas com florescência da mesma área. O número de tumores detectados a partir das imagens fluorescentes (34, em média) foi significativamente maior do que os identificados apenas com a observação das imagens coloridas (sete, em média).
Segundo os cientistas, foi possível visualizar em tempo real os tumores por um período de 2 a 8 horas após a injeção do composto de ácido fólico e marcadores fluorescentes. O método não interferiu no procedimento cirúrgico padrão e permitiu a retirada de tumores menores que 1 milímetro. Todos os tecidos fluorescentes foram confirmados como malignos por meio de estudos histopatológicos posteriores.
“A combinação de imagens precisas em tempo real com agentes fluorescentes específicos para o tumor pode mudar o paradigma da cirurgia de inspeção ao permitir a localização de lesões difíceis ou impossíveis de se detectar pela observação visual ou pela palpação”, dizem os autores no artigo. Além disso, eles acreditam que a técnica pode diminuir o número de procedimentos cirúrgicos extensivos desnecessários e a mortalidade associada a eles.
Mas os pesquisadores ressaltam que são necessários estudos com um número maior de pacientes para confirmar os dados e esclarecer a precisão, a sensibilidade e a especificidade da técnica. Eles pretendem estender os testes para uma rede de hospitais na Holanda e nos Estados Unidos para acelerar os estudos clínicos e tornar a tecnologia disponível para a população.
“Nossa estimativa é de que sejam necessários cerca de dois anos até que tenhamos uma resposta definitiva sobre o impacto da cirurgia e seu resultado”, prevê Gooitzen van Dam.
Segundo ele, a técnica também tem grande potencial para uso em pacientes com câncer de pulmão, que apresentam alta expressão de receptores de ácido fólico em 70% dos casos. Como a superexpressão desses receptores varia muito entre os diversos tipos de câncer, os pesquisadores estão agora desenvolvendo e testando marcadores específicos para tumores de mama, pâncreas, próstata, entre outros.


Amanda de Campos

Fonte: Ciência Hoje On-line

domingo, 1 de abril de 2012

Cientistas dão passo importante rumo a cérebro artificial

Modelo tridimensional do cérebro
     Cientistas suecos anunciaram ter dado o primeiro passo para criar um modelo tridimensional do cérebro.
       Um modelo artificial de cérebro poderia elevar todas as pesquisas neurocientíficas a um novo patamar, permitindo experiências que hoje só podem ser parcialmente simuladas em cérebros de cobaias, muito diferentes dos cérebros humanos.
         O grupo, formado por cientistas das universidades Chalmers e Gotemburgo, conseguiu estimular a formação de redes neurais vivas e funcionais usando um substrato de nanocelulose, um material biológico.
         "Foi um grande desafio. Mas, depois de muitos experimentos, nós descobrimos um método para fazer as células aderirem ao suporte dando-lhes uma maior carga positiva. Agora nós temos um método estável para cultivar neurônios sobre a nanocelulose," comemora o Dr. Paul Gatenholm, coordenador do estudo.
Células em 3D
     Cultivar neurônios em laboratório é simples, mas eles crescem nos chamados discos de Petri, ou seja, somente formam redes neurais sobre o plano do recipiente de vidro.
Ocorre que o cérebro humano é tridimensional. Por isto os cientistas procuram desenvolver suportes capazes de permitir que os neurônios, assim como as células de outros órgãos, cresçam de forma parecida como o fazem no corpo.
No experimento agora realizado com sucesso pelos cientistas suecos, os neurônios desenvolveram interconexões, as chamadas sinapses, tão logo começaram a se desenvolver sobre o suporte de nanocelulose.
Os pesquisadores agora podem usar impulsos elétricos e substâncias químicas sinalizadoras para gerar impulsos nervosos, que se espalham pela rede neural da mesma maneira que o fazem no cérebro.
Eles também poderão estudar como as células nervosas reagem a outras moléculas, tais como fármacos, ou novas moléculas candidatas a medicamentos.
Cérebro artificial
Segundo a equipe, seu objetivo é desenvolver "cérebros artificiais", marcadamente simplificados, é claro, mas suficientes para estudar, por exemplo, a destruição das sinapses, que é um dos primeiros sinais do Mal de Alzheimer.
Na verdade, todas as pesquisas na área das neurociências poderão ter um grande impulso com este desenvolvimento.
E não apenas isso: segundo a equipe, hoje os programadores de computador usam as chamadas redes neurais para desenvolver softwares muito complexos. Esses programas chamam-se redes neurais porque têm seu funcionamento inspirado nas redes de neurônios do cérebro.
Com a possibilidade de construir redes neurais biológicas vivas, será possível criar o que eles chamam de biocomputadores, ou seja, computadores que funcionam não com base em processadores de silício, mas em células vivas.
O que é nanocelulose
O material utilizado pelos cientistas é a nanocelulose, uma celulose derivada das plantas, mas cujas fibras são muito pequenas, com dimensões medidas em nanômetros.
Uma fibra típica de nanocelulose tem entre 5 e 20 nanômetros de espessura e até 2.000 nanômetros (equivalente a 2 micrômetros, ou 0,002 milímetro) de comprimento.
A nanocelulose pode ser sintetizada por bactérias, que tecem uma estrutura muito densa de fibras de celulose.
Ela também pode ser isolada pelo processamento da polpa de madeira em um homogeneizador de alta pressão.

Células nervosas crescendo sobre uma estrutura tridimensional de nanocelulose, o primeiro passo para criar o que os cientistas chamam de "cérebro artificial". [Imagem: Philip Krantz/Chalmers University]
Células nervosas crescendo sobre uma estrutura tridimensional de nanocelulose, o primeiro passo para criar o que os cientistas chamam de "cérebro artificial". [Imagem: Philip Krantz/Chalmers University].
Postagem: Ana Paolla Protachevicz.
 

Nanotecnologia


O que é nanotecnologia?

É a ciência que projeta e desenvolve produtos e processos tecnológicos a partir de partículas minúsculas, na escala de nanômetros (1 milímetro é igual a 1 milhão de nanos), como os átomos.Com o uso de técnicas e ferramentas específicas, esse profissional é capaz de organizar átomos e moléculas a fim de dar origem a um produto, processo ou novo material. Atua na pesquisa e no desenvolvimento de diversas áreas, desde a medicina, passando pela química, biológica, têxtil, até computação e tecnologia.



Historia e Objetivo
Aquando Eric Drexler (direita) popularizou a palavra "nanotecnologia", nos anos 80, referia-se à construção de máquinas à escala molecular, de apenas uns nanómetros de tamanho: motores, braços de robô, inclusive computadores inteiros, muito menores do que uma célula.
 Fala-se com frequência da nanotecnologia como uma "tecnologia de objetivos gerais". Isso se deve ao fato de que na sua fase madura terá um impacto significativo na maioria de indústrias e áreas da sociedade. Melhorará os sistemas de construção e possibilitará a fabricação de produtos mais duráveis, limpos, seguros e inteligentes, tanto para a casa, como para as comunicações, os transportes, a agricultura e a indústria em geral.
Imaginem-se dispositivos médicos com capacidade para circular na corrente sanguínea e detectar e reparar células cancerígenas antes que se estendam.
Imagine-se o que seria "encolher" todo o conteúdo da Biblioteca Nacional num dispositivo do tamanho de um cubo de açúcar. Ou então desenvolver materiais dez vezes mais resistentes que o aço e com apenas uma fracção do peso.
A base da nanotecnologia é o fato de que não só oferece produtos aperfeiçoados como também uma ampla variedade de melhores meios de produção. Um computador pode fazer cópias de ficheiros de dados; basicamente tantas cópias como quisermos a um custo muito reduzido ou mesmo inexistente. Pode ser apenas uma questão de tempo até que a fabricação de produtos se torne tão barata como a cópia de ficheiros.
 Aqui reside a verdadeira importância da nanotecnologia, por isso é vista às vezes como " a próxima revolução industrial ".
A nanotecnologia não só permitiria a fabricação de produtos de alta qualidade a um custo muito reduzido como também a criação de novas nanofábricas com o mesmo custo e velocidade. É mesmo por essa capacidade única de auto reprodução (para além da biologia, evidentemente) pelo que a nanotecnologia se denomina " tecnologia exponencial ". Refere-se a um sistema de fabricação que, por sua vez, seria capaz de produzir mais sistemas de fabricação-fábricas que produzem outras fábricas- de maneira rápida, barata e limpa.






Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/ciencias-exatas-informatica/nanotecnologia-602529.shtml e http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/ciencias-exatas-informatica/nanotecnologia-602529.shtml


Postagem: Bruna de Oliveira