terça-feira, 14 de agosto de 2012


Um exemplo de neurônio

Pesquisadores brasileiros transformam células da pele de paciente esquizofrênico em neurônios e criam novo modelo para estudar o distúrbio. Trabalho facilitará o teste de novas drogas e o desenvolvimento da medicina personalizada

Um exemplo de neurônio
Neurônios reprogramados a partir de células (sadias) da pele de paciente esquizofrênico apresentaram características similares a de células do sistema nervoso afetadas pelo distúrbio. (foto: Bruna Paulsen/ Lance-UFRJ


  Até hoje, o estudo dos mecanismos moleculares envolvidos na esquizofrenia, que afeta 1% da população mundial, era limitado à análise do tecido nervoso de pacientes esquizofrênicos falecidos e testes de ressonância magnética. Mas uma pesquisadesenvolvida por cientistas brasileiros acaba de mudar esse cenário, abrindo as portas para uma melhor compreensão desse distúrbio mental.  Os pesquisadores do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (Lance) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenado pelo biólogo e colunista da CH On-line Stevens Rehen, conseguiram transformar células da pele de um paciente com esquizofrenia em células do sistema nervoso e identificar características dessa doença que não estão presentes em células sadias.

  “Levamos a célula da pele a se transformar em um neurônio, mas as análises foram feitas com progenitoras neurais, que são uma espécie de estágio anterior aosneurônios”, explica a bióloga Renata de Moraes Maciel, pós-doutora do Lance e uma das duas principais autoras do artigo, que já foi aceito para publicação na revista científica Cell Transplantation.


Oxigênio demais

  A equipe do Lance constatou que essas progenitoras neurais consumiam o dobro deoxigênio do que células sadias. Como consequência, elas também apresentavam grande volume de espécies ativas de oxigênio, capazes de danificar os constituintes celulares.

  Ela acrescenta que o excesso de oxigênio e espécies ativas não está presente nos fibroblastos, as células da pele usadas originalmente, nem nas células-tronco pluripotentes, o estágio anterior às progenitoras neurais.“Essa abundância de espécies ativas também ocorre nos neurônios dos pacientes esquizofrênicos e quando usamos ácido valproico, um estabilizador de humor, ela retorna a níveis normais”, conta a biomédica Bruna da Silveira Paulsen, doutoranda do Lance e a outra autora principal do artigo.

  “Isso mostra que conseguimos duplicar a etapa inicial da patologia. Criamos ummodelo que pode agora ser usado para testar novas drogas e adaptar o tratamento para cada paciente, já que essas células têm o perfil do doador do fibroblasto”, completa a biomédica.


Rumo à medicina personalizada

  No estudo, a equipe do Lance usou a técnica de reprogramação celular criada em 2007 pela equipe do pesquisador japonês Shynia Yamanaka. Ela permite, com o uso de umvírus contendo genes específicos, que uma célula já diferenciada para funcionar comoum determinado tecido – como a pele – volte a um estado inicial de desenvolvimento no qual ela tem o potencial de se transformar em qualquer outro tipo celular.

  Ou seja, ela vira uma célula-tronco pluripotente (iPS, na sigla em inglês), similar a uma célula-tronco embrionária. “Outros grupos já usam essa técnica, inclusive comneurônios, mas nenhum havia observado ainda a questão das espécies ativas deoxigênio”, observa Maciel.

  “Queremos ainda entender a razão do excesso de espécies ativas de oxigênio: se éuma superatividade das proteínas que as produzem ou uma falha dos mecanismos que existem para corrigir esse fenômeno”, esclarece Paulsen.A equipe agora pretende aprofundar mais o estudo investigando vários aspectos dadescoberta. Os pesquisadores querem reprogramar fibroblastos de mais nove pacientes, estudar outras possíveis diferenças entre células sadias e as afetadas pela esquizofrenia e avançar na linha da medicina personalizada.

Fonte: Revista ciência hoje, por Fred Furtado - Ciência Hoje/ RJ

Postagem: Bruno Kubis



3 comentários:

  1. Como é possível reprogramar uma célula? Porque foi usada célula da pele na reprogramação? O que são espécies ativas de oxigênio? Qual o efeito delas?

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  2. Reprogramação de células

    Em 2007 uma equipe de cientistas japoneses conseguiu transformar células adultas em células embrionárias, ao reprogramá-las para voltarem ao estado em que podem dar origem a qualquer tecido. Um avanço para a medicina, já que esta pode ser a ferramenta para testar medicamentos mais personalizados, sem haver nenhum tipo de rejeição ou efeito secundário. Tudo sem se recorrer a embriões humanos, um dos entraves éticos desta área.A revolução começou, na verdade, quando eles conseguiram reprogramar células humanas de pele para que elas se comportassem como células-tronco embrionárias — um feito que, em tese, poderia eliminar as barreiras éticas que até então atrapalhavam, em muitos países, pesquisas desse tipo.


    “Em tese” porque ainda era preciso provar que essas células reprogramadas podiam mesmo fazer as vezes das que são extraídas de embriões. E foi isso que os cientistas conseguiram começar a demonstrar em 2008.

    Do avanço com as pesquisas emergiram os primeiros modelos de doença em laboratório — células especialmente reprogramadas para simular como certas enfermidades se comportam.

    Durante 2008, um grupo de cientistas conseguiu transformar células de pele em neurônios e células gliais que sofriam com esclerose lateral amiotrófica. Uma semana depois, outro grupo produziu células com dez doenças diferentes (entre elas, distrofia muscular, diabetes tipo 1 e síndrome de Down).

    Espécie ativa de oxigênio (EAO, também conhecida como radical livre de oxigênio (RLO), é qualquer espécie química capaz de existência independente, com grande poder oxi-redutivo e que contém um ou mais elétrons desemparelhados na sua camada mais externa . As EAO apresentam uma vida média muito curta e, devido à sua alta reatividade, a maioria dessas espécies químicas existe apenas em baixas concentrações (FERREIRA,2000). As EAO podem estar envolvidas na fisiopatogenia de diferentes situações: toxidade exógena (radiação ionizante, agentes quimioterapicos, tetracloreto de carbono, paraquat, carcinógenos químicos), síndromes de hiperoxigenação (toxidade pulmonar por oxigênio hiperbárico, fibroplasia retrolental), síndromes isquêmico-reperfusionais (infarto do miocárdio, cardioplegia cirúrgica, preservação de órgãos para transplantes, isquemia cerebral, transferência de retalhos livres de pele e músculos), desordens inflamatórias (glomerulonefrites, vasculites e doenças autoimunes), choque hemorrágico, sobrecarga de ferro (hemocromatose, talassemias), deficiências nutricionais, álcool, câncer e amiloidose, entre outros . Doenças dos sistemas sanguíneo, respiratório, cardiovascular, urinário, gastrintestinal, nervoso central, visual e cutâneo têm sido referidas como tendo associação ou mediação por EAO

    Fontes: http://www.webartigos.com/artigos/a-acao-das-especies-ativas-de-oxigenio-eao-na-isquemia-e-reperfusao-sanguinea-dos-orgaos/22650/#ixzz28RLPkBUa

    http://ainanas.com/must-see/ciencia-must-see/reprogramar-celulas-foi-avanco-do-ano/

    http://expresso.sapo.pt/ja-e-possivel-reprogramar-celulas-de-idosos-para-voltarem-a-ser-jovens=f703984

    http://guineveremedicina.blogspot.com.br/2012/02/ja-e-possivel-reprogramar-celulas-de.html

    Caroline Machado de Oliveira

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  3. Na reprogramação, são tomadas por pesquisadores células de um indivíduo adulto (da pele, por exemplo) e nelas é induzido um reduzido número de genes (quatro em cada caso, mas não todos iguais). A partir disso é possível redirecionar a identidade de células para que apresentem propriedades das células embrionárias. Estas células são pluripotentes, ou seja, podem ser convertidas em qualquer outro tipo de célula do corpo humano e têm a grande vantagem de serem geneticamente iguais.


    Fonte:http://portusasas.no.comunidades.net/index.php?pagina=1030388165

    Fernanda Carolina da Silva

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