domingo, 5 de agosto de 2012


Estudos acham células-tronco em câncer

Próximo desafio dos pesquisadores é desenvolver droga capaz de destruir apenas essas unidades-alvo



Por que um câncer pode voltar a crescer após um tratamento aparentemente bem-sucedido? Cientistas que assinam três trabalhos publicados ontem indicam que a chave do problema está nas células-tronco tumorais.
Nesses estudos, dois editados pela revista científica "Nature" e um pela "Science", camundongos geneticamente modificados para que suas células-tronco ficassem coloridas e para que tivessem câncer foram usados para mostrar que é esse tipo de célula que comanda o processo de crescimento do tumor.
Por meio das marcações coloridas, um dos estudos traçou a "descendência" das células, que formam outras em um tumor de pele. Em outro estudo, feito com camundongos com glioblastoma (tumor cerebral agressivo), a atuação das células-tronco foi confirmada por meio do uso de tratamentos.
Primeiro, os animais receberam uma droga de quimioterapia que é usada hoje contra esse tipo de tumor. O câncer diminuiu, mas voltou a crescer. Por meio de imagens de amostras desses tumores, os cientistas viram que as células-tronco estavam por trás da recidiva. Os camundongos também foram tratados com um medicamento desenvolvido só para eles e que mata essas células-tronco. Dessa vez, o tumor foi erradicado.
De acordo com o biólogo Tiago Góss dos Santos, pesquisador do Hospital A.C. Camargo, os estudos dão força à ideia de que uma célula-tronco, quando se torna cancerosa, dá origem aos vários tipos de célula que compõem um tumor.

Com hierarquia
O outro modelo, que antes era mais aceito, era de que não haveria uma hierarquia: todas as células do câncer seriam igualmente responsáveis pelo seu crescimento.
"Já foi visto que a maioria das células mortas pela quimioterapia são as já diferenciadas [que não são células-tronco]. Ainda que mate 90% das células, o tratamento não está eliminando a parte do tumor que o faz crescer."
O oncologista Bernardo Garicochea, responsável por ensino e pesquisa no Hospital Sírio-Libanês, afirma que, agora, é preciso investigar mais a fundo a resistência dessas células à químio.  "Nosso corpo não 'liga' muito para células mais velhas, que serão logo descartadas em favor de novas. Com o tumor, é a mesma coisa: o que 'importa' é manter a capacidade de regeneração."
Em seu estado normal, as células-tronco, que estão presentes por todo o nosso organismo, têm funções importantes na regeneração, dando origem a novas células.  Para o oncologista, um próximo passo a ser dado é analisar em detalhes essas células-troncos tumorais para que seja possível criar drogas específicas para elas, que não afetem as células-tronco normais e necessárias.
A presença maior ou menor dessas células em um tumor também pode vir a mudar a classificação do potencial de risco da doença.
O papel das células-tronco nos tumores, no entanto, ainda está longe de ser um consenso, segundo o biólogo Tiago dos Santos. O tema será debatido em um encontro aberto ao público com pesquisadores no Hospital A.C. Camargo no próximo dia 29.

Melyssa Gutierrez Kapp

4 comentários:

  1. Qual o papel das células-tronco não tumorais? Dê exemplos.

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  2. O ressurgimento de tumores tempos depois de eles terem sido combatidos por quimioterapia é um dilema que aflige há muito tempo médicos e pesquisadores que lidam com câncer. Três estudos divulgados nesta quarta-feira, 1, conseguiram mostrar a ação de células-tronco tumorais na retomada desse crescimento, oferecendo um novo algo para a luta contra a doença.

    Células-tronco são capazes de se diferenciar em outras células e normalmente são associadas a promessas de tratamento de, por exemplo, doenças degenerativas. São elas também que, nos tecidos e órgãos, originam novas células para repor as que morrem. De maneira semelhante, imaginava-se que células-tronco tumorais dariam origem às células que compõem o tumor.

    Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,celulas-tronco-tumorais-fazem-cancer-voltar-a-crescer,909457,0.htm

    Caroline Machado de Oliveira

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  3. Imagem do câncer apresentando célula-tronco:
    http://www.medicando.com.br/mdlimagem/imagem/get/s/conteudo-materia/f/estudos-acham-celulas-tronco-em-cancer.jpg

    As células-tronco podem ser classificadas, em função da sua origem ou da sua capacidade de diferenciação, em embrionárias e não-embrionárias e totipotentes, pluripotentes e multipotentes, respectivamente. As células totipotentes resultam da divisão celular do óvulo fertilizado e podem dar origem a qualquer tipo de célula ou de tecido que compõe o embrião e que o sustenta durante seu desenvolvimento uterino. A divisão das células totipotentes resulta na formação das células pluripotentes, que são um pouco limitadas na sua diferenciação quando comparadas às células totipotentes. À medida que as células pluripotentes se especializam, passam a constituir tecidos específicos e o seu potencial passa a ser mais restrito, dizendo-se então multipotentes ou células--tronco adultas, cuja função é a reparação e manutenção tecidual.

    Por sua vez, as células-tronco hematopoéticas (CTH) são células que possuem a capacidade de se autorrenovar e se diferenciar em células especializadas do tecido sanguíneo e células do sistema imune. Elas constituem as células-tronco adultas mais bem caracterizadas até hoje. A sua obtenção é feita a partir da medula óssea (considerada a fonte clássica dessas células), do cordão umbilical ou do sangue periférico.

    Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-84842009000700009&script=sci_arttext

    Lucia Satomi Hirooka

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  4. Células-troncos não tumorais são capazes de se diferenciar em outras células e normalmente são associadas a promessas de tratamento de, por exemplo, doenças degenerativas. São elas também que, nos tecidos e órgãos, originam novas células para repor as que morrem.

    - Melyssa Gutierrez Kapp

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