Pacientes com câncer avançado mostraram resultados positivos em primeira fase de pesquisa que usa nanotecnologia para tentar combater a doença
Células cancerígenas: nanopartículas agirão como mísseis
teleguiados, levando o medicamento contra o câncer somente às células
doentes
(Getty Images).
O primeiro teste clínico com nanopartículas
programadas para um tratamento anticâncer mais concentrado e com menos
efeitos colaterais do que a quimioterapia teve resultados positivos,
segundo estudo publicado nesta semana, nos Estados Unidos. Parte dos
participantes do estudo, que sofriam de câncer em etágios avançados,
tiveram o crescimento do seus tumores estabilizados ou reduzidos. O
trabalho foi apresentado na conferência anual da Associação Americana de
Pesquisas sobre o Câncer, realizada em Chicago, e publicado
simultaneamente na versão online da revista médica americana Science Translational Medicine.
"Esta técnica pode revolucionar potencialmente o tratamento do câncer",
afirmou Omid Farokhzad, médico do Hospital Brigham de Boston, professor
da Universidade de Harvard e um dos principais autores do estudo.
A nanopartícula, chamada BIND-014, foi desenvolvida pela companhia BIND
Biosciences, com sede em Massachusetts. "Este é o primeiro tratamento
deste tipo utilizado em humanos para qualquer tipo de doença", disse
Farokhzad. "A BIND-014 mostrou pela primeira vez que é possível produzir
nanomedicamentos programáveis capazes de concentrar efeitos
terapêuticos multiplicados diretamente no coração da doença", explicou o
doutor Farokhzad. O princípio ativo usado foi o docetaxel,
comercializado com o nome de Taxotere.
A pesquisa — O teste clínico de fase 1 do estudo foi
feito com um pequeno grupo de 17 pacientes que sofriam de diferentes
tipos de câncer em estágio avançado. O teste provou ser seguro e
produziu efeitos em "praticamente todos os participantes", mas
especialmente em seis deles, nos quais os efeitos foram mais destacados.
Neste grupo, uma paciente teve redução do tumor no colo do útero,
enquanto outros cinco tiveram seus cânceres (de pâncreas, ânus, cólon,
vias biliares e garganta) estabilizados.
Este nanotratamento produziu efeitos favoráveis na luta contra o
câncer, inclusive com doses ínfimas de anticancerígenos, que
representavam até 20% do que normalmente se prescreve em quimioterapia
tradicional por via oral ou em injeções. "Se tentássemos obter essa
concentração em um tratamento convencional, mataríamos o paciente", diz
Farokhzad. Os pesquisadores explicam que isso se deve ao fato de que as
nanopartículas podem depositar no local exato onde se encontra o tumor
concentrações de medicamenos até dez vezes maiores.
Os pesquisadores se disseram animados com os resultados porque as doses
foram baixas, o que indica que no futuro os médicos poderiam encontrar
uma forma de aplicar a quimioterapia em cânceres, direcionando o
medicamento ao próprio tumor e evitando seus efeitos colaterais.
Opinião do especialista
Artur Katz - coordenador de Oncologia Clinica do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês.
"Tratamentos anticâncer com nanotecnologia fariam com que a droga para
a doença ficasse dentro de uma partícula. Essa se ligaria a um tipo de
proteína de uma célula cancerígena e, só então, liberaria a substância
do medicamento. Como um míssel teleguiado.
É preciso que os pacientes tomem cuidado ao ler esse tipo de pesquisa para que não pensem que já existe um tratamento do qual estão sendo privados. Resultados como esses são relevantes cientificamente, mas na prática clínica ainda não têm nenhuma influência.
O estudo ainda é preliminar e os resultados foram obtidos com apenas 17 pessoas, um número ainda muito pequeno. Com esse número, não é possível afirmar absolutamente nada.
A pesquisa, ainda assim, é importante. Precisamos avançar emestudos sobre novas formas de tratamentos menos tóxicos e mais eficazes. Os resultados são bons, mas é importante observar que somente uma pessoa teve o tumor reduzido. No entanto, a fase 1 de testes clínicos deve provar a segurança do tratamento, e foi o que os resultados demonstraram.
Estudos maiores e mais específicos são necessários para que essa pesquisa avance e suas conclusões finais sejam comparadas com o tratamento convencional. Só então essa tecnologia se tornaria, após ao menos dez anos, um medicamento disponível."
É preciso que os pacientes tomem cuidado ao ler esse tipo de pesquisa para que não pensem que já existe um tratamento do qual estão sendo privados. Resultados como esses são relevantes cientificamente, mas na prática clínica ainda não têm nenhuma influência.
O estudo ainda é preliminar e os resultados foram obtidos com apenas 17 pessoas, um número ainda muito pequeno. Com esse número, não é possível afirmar absolutamente nada.
A pesquisa, ainda assim, é importante. Precisamos avançar emestudos sobre novas formas de tratamentos menos tóxicos e mais eficazes. Os resultados são bons, mas é importante observar que somente uma pessoa teve o tumor reduzido. No entanto, a fase 1 de testes clínicos deve provar a segurança do tratamento, e foi o que os resultados demonstraram.
Estudos maiores e mais específicos são necessários para que essa pesquisa avance e suas conclusões finais sejam comparadas com o tratamento convencional. Só então essa tecnologia se tornaria, após ao menos dez anos, um medicamento disponível."
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/nanoparticulas-anticancer-sao-usadas-com-sucesso-em-teste-nos-eua
Autor da Postagem: Matheus Azambuja
Esclarecer a relação desse artigo com a área de Biologia Celular.
ResponderExcluirA maioria dos medicamentos utilizados nos tratamentos de quimioterapia contra o câncer atuam tanto nas células cancerígenas quanto nas saudáveis. Por exemplo o medicamento comercialmente chamado de Taxol, inibe a polimerização dos microtubulos tanto das células doentes, quanto das células saudáveis que apresentam uma alta taxa de divisão celular (células que promovem o crescimento dos cabelos e do trato digestivo).
ResponderExcluirOs microtubulos atuam na organização e divisão do material genético durante a divisão celular, quando polimirizados, e como via de transporte de vesículas e outras organelas da célula. Com a atuação do medicamento essas funções são comprometidas, e a célula tende a morrer.
A pesquisa como explicada pelo especialista em Oncolgia Artur Katz, ainda está em fase de teste, mas já demonstra resultados positivos. E com o avanço da nanotecnologia pode se tornar um grande aliado ao tratamento do câncer, evitando que células saudáveis sejam atacadas pelo medicamento.
Matheus Azambuja
Ok Matheus. Aguardo outros comentários???
ResponderExcluirEstou aguardando comentários dos demais alunos???
ResponderExcluirContinuo aguardando...
ResponderExcluir"Tratamentos anticâncer com nanotecnologia fariam com que a droga para a doença ficasse dentro de uma partícula. Essa se ligaria a um tipo de proteína de uma célula cancerígena e, só então, liberaria a substância do medicamento. Como um míssel teleguiado. "
ResponderExcluirMuito interessante ver que a droga só entra em ação quando reconhece uma celula cancerigena, é como se a droga tivesse um receptor como os de membrana.
Francielly Richardt
O número de pacientes submetidos ao tratamento é realmente ínfimo (17 apenas). Como está no próprio texto: "com esse número não é possível afirmar absolutamente nada.
ResponderExcluirSe a amostragem fosse bem maior, vocês acreditam que poderiam ser feitas afirmações definitivas? O que vocês acham?
Os testes iniciais de qualquer medicamento em humanos devem ser realizados com um número pequeno de participantes, a fim de testar a segurança deste. A maioria dos 17 pacientes deveria ser voluntária, já que se encontravam em estados avançados da doença e este medicamento surgiria como uma última esperança a cura do câncer.
ResponderExcluirComo citado no texto, o número de pacientes é baixo, porém os primeiros resultados foram favoráveis à utilização de doses menores de medicamentos, com a redução do câncer em um paciente e estabilização em outros.
Mais testes em outros pacientes com os variados tipos de cânceres poderiam demonstrar em qual destes a droga teria mais efeito, e em quais não demonstra eficiência.
Afirmações definitivas, eu penso que não poderiam ser feitas, como o câncer altera o DNA da célula, e consequentemente pode alterar a síntese proteica, as células poderiam não sintetizar mais a proteína da membrana que reconhece a droga, e esta não se ligaria a célula para que ocorresse a liberação do medicamento.
Como as células cancerígenas estão em constante divisão e mutação gênica, dificilmente surgirá um único medicamento capaz de tratar todos os tipos de cânceres.
http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=322
http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=318
Matheus Azambuja dos Santos
Concordo com o Matheus, pois não pode-se tirar conclusões definitivas apenas com alguns testes, pois esse tratamento pode fazer efeitos em apenas certos tipos de cânceres ou em certas pessoas, mas de acordo com o que diz no texto, teve a redução do câncer em apenas um dos pacientes, em 6 deles houve a estabilização do câncer e nos outros que não teve um resultado muito efetivo, mas também não houve um resultado negativo ao esperado, devido a diferença de cada pessoa também não pode-se generalizar que "em todos os participantes houve um bom resultado, então já se pode expandir a nível mundial", pois cada organismo pode reagir de forma diferente e pode-se causar alguma reação inesperada, não se sabe ainda sobre algum possível efeito que o tratamento possa causar. Acredito que com o estudo e aperfeiçoamento, esse tratamento possa ser potencialmente efetivo e poderá ser utilizado com mais sucessos no decorrer dos anos, mas enquanto não se sabe muito, não podemos tirar conclusões precipitadas de que se foi encontrada a cura para o câncer.
ResponderExcluirLucia Satomi Hirooka